segunda-feira, 7 de julho de 2008

O bom e velho Hesse (1877 - 1962)

A um amigo com o livro de poesias


O que me empolgou sempre e me alegrou
desde os lendários dias de rapaz,
toda essa distraída e multifária
dispersão entre inspiração e sonho,
entre orações, clamores e lamentos
- nestas páginas voltas a encontrar.
Se elas são oportunas ou inúteis,
não vamos muito a sério perguntar:
aceita como amigo os velhos cantos!
Para nós, já maduros, a demora
no passado é lícita e confortante:
por trás dessas mil linhas desabrocha
uma vida, algum dia deliciosa.
Ao nos pedirem contas por nos termos
ocupado com tais futilidades,
suportaremos um fardo mais leve
que os aviadores atroando as noites,
e as tropas, e os rebanhos dessangrados,
e os senhores da terra e os potentados.


Andares, trad. de Geir Campos, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1976.

3 comentários:

  1. Vejo que o seu apurado gosto agita as páginas virtuais da internet. Assim sendo, prepare-se para acolher mais um leitor. Abraços.

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  2. Vejo que o seu apurado gosto agita as páginas virtuais da internet. Assim sendo, prepare-se para acolher mais um leitor. Abraços.

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  3. Caro Prof. Moacy:
    É uma honra receber sua visita.
    Tenho já o seu Balaio 1986 em meus favoritos. Já visitou o Blog do Prof. Aníbal Bragança, Ler-e-escrever.blogspot.com?
    Grande abraço.

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